quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Agreste



Caberia nestas palavras uma alegria
de alguma mulher, uma Maria,
seu rosto em rosa, apesar da luta,
seus sonhos todos, uma outra história
de um outro dia (domingo, talvez),
junção de luzes na amena manhã.

Mas, não!
Aí está ela, esta que se vê de vestido amarrotado,
gesto enorme, corpo dobrado sobre o corpo do filho,
estatística que sangra em plena rua
e ocupa um nome rasgado a coices,
explosão da vida em seu negativo.

É agreste olhar o que há
e não há agreste suficiente
que encarne uma palavra pra dizer disto.


│Autor: Webston Moura