A
senhorinha procura,
anda
de um lado para o outro,
coça
a cabeça, para, recomeça,
vai
de uma ponta a outra da galeria.
O
toque em meu ombro me chama.
Avisam-me
de que ela é doida
e
que busca um guarda-chuva.
Faz
isso sempre até lhe darem um.
Objeto
barato, de uso geral, quem se importa em dar?
A
senhorinha recebe, sorri e diz “Meus filhos”.
Tem
um tom nostálgico.
Fora
abandonada pelos filhos?
É
o que parece.
Encontrar
um guarda-chuva,
para
reencontrar algum caminho de volta
ao
dia em que fora deixada nalguma rua,
quem
sabe até num abrigo de nome que não sabemos,
coisa
por aí, como se diz, de onde ela, supõe-se, fugiu
(ou
perdeu-se)
│Poema
da Série “Objetos Perdidos” - Autor: Webston Moura│