domingo, 26 de março de 2017

COISA SUSSURRANTE






Morasse próximo ao mar,
perder-me-ia muitas vezes a olhá-lo.
Para mim, o mar é ócio, demora imensa junto ao vento.

Talvez, esta seja uma das senhas para o amor:
deixá-lo ser a coisa sussurrante que nos toma o corpo,
uma miríade de finas mãos costurando conchas.


│Poema da Série “Mar” – Autor: Webston Moura│

ENQUANTO TE OUÇO NAS MARÉS

Teus olhos azuis, espelhos d’água sereníssimos.
Tua pele dourada, memórias de sal a sol.

És o sargaço furioso e eterno renascido sempre.
És a sombra de navios que não existem mais,
exceto suas carcaças, hoje moradas de líquens
e de senhorinhas que se afogaram em tardes esquecidas.

Por isso, estás aí nos meus sonhos
e cantas a monotonia agradável das marés
enquanto adormeço gaivotas em meu corpo.


│Poema da Série “Mar” – Autor: Webston Moura│

TUA PRESENÇA

Morasse próximo ao mar,
ver-te-ia, mesmo que não pudesse.

Não é desejo de alucinação;
apenas invenção do ócio em mim engastado,
prática de quem aprendeu o mar e nunca mais o deixou.

Carrego este búzio ao ouvido,
som primordial que engravida belezas.


│Poema da Série “Mar” – Autor: Webston Moura│