terça-feira, 29 de dezembro de 2015

MENSAGEM



Por minha mão,
o movimento:
friccionar o fósforo.
E ver sua breve explosão,
um átimo de vida,
o qual fisgo e,
em seguida,
perco.

Resta-me o resíduo.

E do mais que a vida oferece
─ nascer, forçar, fender,
abrir-se à luz, amar e execrar,
descobrir e cegar ─,
o que assim não é senão
fósforo estalado contra o ar,
prodígio e trivial juntos?

Vão-se os dias e os calendários:
o espelho, áspera delicadeza, informa.

Com as mãos, seguro a areia,
que foge; com os olhos, a luz,
que me entontece; com os objetos,
todos os passados, que ninguém lembrará.
E os significados de uma vida assim se bastam.

(Numa foto, um pé de zimbro
e um lugar onde nunca estive).


|Autor: Webston Moura|


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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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