sábado, 6 de fevereiro de 2016

ÁQUEA FLUTUAÇÃO CANTANTE

Entre coisas que se tocam,
costuras e voos.


Um grão de areia: tomo-o nas mãos.
Minúscula vida inerte e muda
que carrega o tempo.
Posso desfolha-lo,
com imaginação e ciência.
Acordo seu íntimo e extinto fogo,
alma que fora junta de outras
amálgama carregada e resoluta,
sombra agora repousada sob a luz,
dura e frágil matéria que me fala.

Estamos um no outro?
Que conversa travamos,
misturas de tempo e força,
nós, naturezas bravas
que a vida adestra?

Dialogamos eu e o grão:
um olho, o quartzo;
o outro, emoção.

Sou humano,
e esta odisseia é demais
para ser apenas condição.
Olho o grão de areia,
que me fita com suas ausências,
e disto sei: sou humano.


│Autor: Webston Moura
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